Geração espontânea ou abiogênese
Até
meados do século XIX os cientistas acreditavam que os seres vivos eram gerados
espontaneamente do corpo de cadáveres em decomposição; que rãs, cobras e crocodilos
eram gerados a partir do lodo dos rios.
Essa
interpretação sobre a origem dos seres vivos ficou conhecida como techise da geração espontânea ou da abiogênese (a=
prefixo de negação, bio = vida, Genesis =
origem; origem da vida a partir da matéria bruta.
Pesquisadores
passaram, então, a contestar a hipótese de geração espontânea, apresentando
argumentos favoráveis à outra hipótese, a da biogênese, segundo a qual
todos os seres vivos originam-se de outros seres vivos preexistentes.
Segundo esses cientistas, os microorganismos surgem espontaneamente
em todos os lugares, independentemente da presença de outro ser vivo. Já outro
grupo de pesquisadores não aceitava essas explicações. Para eles os microorganismos
somente surgiam a partir de “sementes” presentes no ar, na água ou no solo.
Essas “sementes”, ao encontrarem locais adequados, proliferavam (interpretação
coerente com a hipótese da biogênese).
O experimento de Redi
Em 1668, Francesco
Redi (1626 -1697)
investigou a suposta origem de vermes em corpos em decomposição. Ele observou
que moscas são atraídas pelos corpos em decomposição e neles colocam seus ovos.
Desses ovos surgem as larvas, que se transformam em moscas adultas. Como as
larvas são vermiformes, os “vermes” que ocorrem nos cadáveres em decomposição
nada mais seriam que larvas de moscas. Redi concluiu, então, que essas larvas
não surgem espontaneamente a partir da decomposição de cadáveres, mas são
resultantes da eclosão dos ovos postos por moscas atraídas pelo corpo em
decomposição.
Para testar a sua hipótese,
Redi realizou o seguinte experimento: colocou pedaços de carne crua dentro de
frascos, deixando alguns cobertos com gases e outros completamente abertos. De
acordo com a hipótese da abiogênese, deveriam surgir vermes ou mesmo mosca
nascidos da decomposição da própria carne. Isso, entretanto, não aconteceu. Nos
frascos mantidos abertos verificaram-se ovos, larvas e moscas sobre a carne,
mas nos frascos cobertos gaze nenhuma dessas formas foi encontrada sobre a
carne. Esse experimento confirmou a hipótese de Redi e comprovou que não havia
geração espontânea de vermes a partir de corpos em decomposição.
Os
experimentos de Redi conseguiram reforçar a hipótese da biogênese até a
descoberta dos seres microscópicos, quando uma parte dos cientistas passou
novamente a considerar a hipótese da abiogênese para explicar a origem desses
seres.
Os experimentos de Needham e Spallanzani
Em 1745, o cientista inglês John T. Needham (1713-1781) realizou vários experimentos em que submetia à fervura frascos contendo substancias nutritivas. Após a fervura, fechava os frascos com rolhas e deixava-os em repouso por alguns dias. Depois ao examinar essas soluções ao microscópio, Needham observava a presença de microorganismos.
A explicação que ele deu a seus resultados foi de que os microorganismos teriam surgido por geração espontânea Ele dizia que a solução nutritiva continha uma “força vital” geração espontânea responsável pelo surgimento das forças vivas.
Posteriormente, em 1770, o pesquisador italiano Lazzaro Spallanzani(1729-1799) repetiu os experimentos de Needham, com algumas modificações, e obteve resultados diferentes.
Spallanzani colocou substâncias nutritivas em balões de vidro, fechando-os hermeticamente. Esses balões assim preparados eram colocados em caldeirões com água e submetidos à fervura durante algum tempo. Deixava resfriar por alguns dias e então ele abria os frascos e observava o líquido ao microscópio. Nenhum organismo estava presente.
Spallanzani explicou que Needham não havia fervido sua solução nutritiva por tempo suficientemente longo para matar todos os microrganismos existentes nela e, assim, esterelizá-la. Needham respondeu a essas críticas dizendo que, ao ferver por muito tempo as substâncias nutritivas em recipientes hermeticamente fechados, Spallanzani havia destruído a “força vital” e tornado o ar desfavorável ao aparecimento da vida.
Nessa polêmica, Needham saiu fortalecido.
Somente por volta de 1860, com os experimentos realizados por Louis Pasteur (1822 – 1895), conseguiu-se comprovar definitivamente que os microorganismos surgem a partir de outros preexistentes.
Os experimentos de Pasteur estão descritos e esquematizados na figura abaixo:
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A ausência de microrganismos nos frascos do tipo “pescoço de cisne” mantidos intactos e a presença deles nos frascos cujo “pescoço” havia sido quebrado mostram que o ar contém microorganismos e que estes, ao entrarem em contato com o líquido nutritivo e estéril do balão, desenvolvem-se. No balão intacto, esses microorganismos não conseguem chegar até o líquido nutritivo e estéril, pois ficam retidos no “filtro” formado pelas gotículas de água surgidas no pescoço do balão durante o resfriamento. Já nos frascos em que o pescoço é quebrado, esse “filtro” deixa de existir, e os micróbios presentes no ar podem entrar em contato com o líquido nutritivo, onde encontram condições adequadas para seu desenvolvimento e proliferam.
A hipótese da biogênese passou, a partir de então, a ser aceita universalmente pelos cientistas.
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